Nos dias 27 e 28 de setembro, o Rocky Spirit chega ao Rio de Janeiro (RJ) com os grandes filmes de aventura da atualidade. A 15ª edição do festival acontece no Posto 10, em Ipanema, e promete atrair centenas de pessoas para um fim de semana vibrante de cinema, praia e muita inspiração na Cidade Maravilhosa.
Desde 2011, o Rocky Spirit mantém a tradição de apresentar ao público alguns dos melhores documentários lançados nesta temporada. Tudo o que faz parte do universo outdoor tem espaço na programação. As exibições são totalmente gratuitas e o festival também reúne curtas-metragens brasileiros inéditos sobre esportes, aventura e meio ambiente.
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Após dois anos de ausência, o Rocky Spirit retorna à Cidade Maravilhosa em uma escolha que reflete, como nenhuma outra, o DNA do festival. Poucos lugares no mundo possuem tanta vocação para o lifestyle outdoor como a capital fluminense. Entre morros, o asfalto e o mar, a vida ao ar livre é parte fundamental da identidade carioca.
Não por acaso, o Rio de Janeiro também é considerado um dos melhores destinos de surf do Brasil. A cidade concentra uma infinidade de picos que atendem a todos os estilos e níveis de habilidade. Mais do que isso: a orla carioca é o espaço mais democrático da capital, onde tudo acontece e o verão nunca termina. E é nesse cenário que se desenrola uma das grandes produções nacionais do festival em 2025.
Dirigido pela fotógrafa e filmmaker Bia Pinho, o curta Do Leme ao Pontal acompanha as sessões da longboarder Jasmim Avelino pela cidade, ao mesmo tempo em que celebra as paisagens e a essência da cultura de praia carioca. Rodado em película 16mm, o filme narra uma travessia simbólica: surfar picos icônicos do Rio com diferentes tipos de prancha, em um registro que une poesia, leveza e a profunda conexão da bicampeã brasileira de longboard com o mar.
Jasmim é uma surfista e bióloga carioca que encontrou sua verdadeira vocação nas ondas. Começou a surfar aos 9 anos com incentivo da família, já que seu pai e irmã também são longboarders. Em 2019 ela criou o projeto “Bailarinas do Mar”, oferecendo aulas e workshops exclusivos para mulheres. Segundo ela, o objetivo era fomentar o longboard feminino no Brasil e criar um espaço de voz e apoio mútuo entre as surfistas.
“Foi a Jasmim que trouxe a ideia inicial. Ela chegou para mim e disse: ‘Quero surfar do Leme ao Pontal e fazer um filme disso”, relembra Bia. O encontro entre a diretora e a protagonista logo acabou se transformando em amizade. Inspirado na lenda de Céfyra, a deusa do horizonte, Do Leme ao Pontal traz uma narrativa que mistura surf, cultura de praia e um retrato afetivo do Rio.
Segundo a lenda, Céfyra se apaixonou pelas montanhas e pelo mar da capital fluminense, mas, para pertencer àquele território, precisaria cumprir um desafio imposto por Poseidon: levar o sol da Pedra do Leme até a Pedra do Pontal em um único dia. Uma narrativa que também reflete a relação pessoal de Bia Pinho com a cidade. Nascida em São Paulo, ela tem família no Rio de Janeiro e guarda ali alguma das memórias mais marcantes da infância.
“Eu sou paulista, mas tenho família no Rio — e é lá que está o meu vínculo afetivo. Estar de volta me trouxe uma sensação de casa, de abraço, de saudade. Sempre tive vontade de retratar o Rio de uma forma mais subjetiva e afetiva, porque acredito que esse olhar conecta com muita gente. Ao mesmo tempo, sabia que precisava fazê-lo com respeito: não tenho um senso de pertencimento completo, então busquei olhar pela perspectiva dos cariocas de verdade. Foi um desafio bonito tentar encontrar esse olhar”, acrescenta a diretora.
Velha conhecida do Rocky Spirit, Bia Pinho venceu, em 2024, a categoria Retina (melhor fotografia) com o curta de skate Que Haja Vento, sobre o campeão mundial de longboard Brenno Brélvis. Seu trabalho também já foi premiado ou exibido em festivais como Uninterrupted, Portuguese Surf Film Festival, Ciclope Latino e Floripa Film Fest.
A película traz uma expressividade única, que aproxima o público de Jasmim, sua família e sua jornada. Queríamos que o filme tivesse uma certa pureza, representando a essência do longboard e do Rio de Janeiro, além de transmitir verdade e emoção”, explica Bia. “Venho tentando traduzir essa sensação de liberdade que muitos esportes proporcionam. Em Que Haja Vento, associei isso ao vento no rosto do skate; no surf, essa experiência se manifesta de outro jeito. Esse é o fio condutor dos meus filmes autorais: transformar em imagem algo intangível, uma experiência subjetiva, mas profundamente real para quem vive o esporte.”
Mais do que um registro de performance, Do Leme ao Pontal traduz o espírito livre do surf feminino. O curta também ressalta o crescimento do longboard como vertente artística e identitária do outdoor, especialmente entre as mulheres. “A história é sobre inspirar mulheres a correr atrás de seus sonhos. O surf me ensinou a respeitar meu próprio tempo de evolução, e o filme busca transmitir essa mensagem a outras mulheres”, compartilha Jasmim.
Se Joga:
Festival Rocky Spirit 2025
Onde: Posto 10, Ipanema, Rio de Janeiro
Quando: 27 e 28 de setembro
Mais infos: rockyspirit.com.br